Nosso primeiro prédio foi o do Congonhas, oficialmente Grupo Escolar "Visconde de Congonhas do Campo". Um grupo escolar atendia somente do primeiro ao quarto ano primários, normalmente cursados pela pimpolhada de 7 a 11 anos. De noite, virava ginásio, porque faltavam prédios para as escolas. Mesmo o Grupo Escolar estava lotado a mais não poder: três turnos de três horas, 8-11, 11-14, 14-17. O absurdo de se imaginar que era possível alguém esvaziar uma escola às 11 da manhã e tê-la cheia às 11 horas da mesma manhã, com outras quatrocentas crianças é só superado pelo absurdo de ter crianças estudando três horas na hora do almoço.
Nossas aulas iam das 18h50 às 22h20. Na hora do recreio ou intervalo grande, de quinze minutos, abriam-se os portões para comprarmos algo de comer na padaria do Ouro, porque não havia cantina. Muitos traziam lanche de casa.
Mas o pior eram as carteiras. Ah, as carteiras! Como o prédio tinha sido mobiliado para crianças de 7-11/12 anos, as carteiras eram muito pequenas, deste modelo
Se você nunca viu nada assim, é bom saber que essa era a carteira de meio de fila. Um aluno sentava no banco e escrevia na mesa da carteira da frente. A primeira carteira da fila não tinha banco, a última não tinha mesa. Embaixo da mesa, havia uma prateleira, para guardar livros e cadernos que não estivessem em uso. Ficava, portanto muito pouco espaço para as pernas dos alunos, que estavam todo já na adolescência.
Dois outros problemas agravavam a situação. Primeiro que, naquela época, era comum o pessoal parar os estudos no fim do primário e retomar lá pelos 15-16 anos. Na quarta série, já tinham lá seus 20. Imagine, um homem de vinte na carteira de uma criança de 11 anos. O segundo era o das mulheres, que usavam saia e precisavam manter os joelhos juntos o tempo todo e, portanto não podiam sentar escarranchadas, com uma perna para cada lado da carteira. Cavalgavam de silhão, por assim dizer.
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