Saturday, September 15, 2012

FESTA DE ANIVERSÁRIO E CONGRAÇAMENTO





Dia 20/10/2012, às 9h30, tem a festa de confraternização entre alunos e ex-alunos, professores e ex-professores do Ascendino.

Em mensagem particular, a Professora Rosana Francisco me pediu para organizar uma lista dos participantes, para que ela pudesse reservar lugar para nós. Lamentavelmente, por falha de comunicação pela qual me considero inteiramente responsável, acabaram sendo criadas várias listas e cada um confirmou sua presença em uma. Para piorar, o facebook esconde e desesconde essas listas. 

Então, vamos ver se conseguimos botar ordem na bagunça com esta lista fora do facebook.

Se você quer participar e se seu nome não estiver aqui, por favor, deixe seu nome em um comentário a esta postagem, que eu vou atualizando a lista.  

Vamos ver se agora funciona?

Obrigado


LISTA ATUALIZADA, POR ORDEM ALFABÉTICA




Afonso Carlos Neves
Alda Domingues Tagliatti
Aldo Augusto Furtado
Aldo Della Monica
Amália Covic
Amarisia Luz
Ana Maria Di Chacchio
Antonio Marcos Fantini
Cecilia Martinez
Celia Moretti
Celso Martins de Souza
Cibele Stuchi
Clarice Storti
Claudio Teixeira
Denis Arrebola
Domenico Musolino
Edson Biondillo
Eliezabeth Castello Branco
Eliza Gaspar
Elizabeth Romano
Elson Biondillo
Fátima Aparecida Garcia Loureiro Vares
Gerson Leis
Gregório Bacic
Guaraciaba Migueletti
Helio Sampaio Filho
Inez Guimarães Pistelli
Irene Marzullo
Isabel Amparo Moreno
Ivone Ragazzini
Jose Amaro
Jose Carlos Gomes do Nascimento
Jose Erasmo Rossit Silveira
Katia Camargo
Katia Cristina Bassichetto
Kauê Furlan
Laercio Crescente
Laerte Temple
Liamara Rosatto
Liamara Rosatto 
Luci Musolino
Luiz Augusto Laurino
Marcia Pires
Marco Antonio Rodrigues
Maria Emilia Cerqueira
Maria Tereza Taverna
Marilurdes Lopes
Marina Reis
Mario José Cerquera Filho
Marisia Silva
Mary Tanaka
Miriam Martins Fantini
Norma Valença Hernandes Lopes
Ricardo Agarelli
Rosa Maria Buchab
Rosatto Jorge
Roseli Martinez
Rosely Aparecida Roberto
Ruth Adissi
Sidney Soares
Sonia Acurso
Sonia Arrebola
Sonia Maria Sierra
Stephany Rodrigues
Stephany Rodrigues
Sueli Julia Pereira
Telma Maia
Tereza Barata
Vera Lucia Rodrigues
Walter Freoa


Saturday, September 8, 2012

Benedito Ferreira de Albuquerque


Havia só um aluno negro no Ascendino, quando entrei. Com o tempo, apareceram mais uma ou duas "pessoas de cor", como se dizia na época. Havia pouquíssimos negros no Tatuapé, acho que até hoje a situação é a mesma. Curiosamente, o diretor, professor Benedito Ferreira de Albuquerque era negro. Negro retinto, sem uma mácula de branco. Todos achavam aquilo muito estranho, imagine, preto diretor de escola! Mas eram coisas ditas a boca pequena. Embora muitos não aprovassem muito a ideia, já era considerado falta de educação reclamar de um negro que tinha um comportamento irrepreensível.

Porque o Ditão era irrepreensível.

Benedito Ferreira de Albuquerque


Fisicamente, era uma estátua. Alto, forte, espaduado com um rosto bonito. Sempre bem barbeado e com um grosso bigode perfeitamente aparado. Sempre vestia as roupas severas que achava apropriadas ao seu cargo: terno cinza-chumbo, camisa branca e gravata azul ou cinzenta.

Roupas severas para um homem severo, um tanto intolerante. Seguia à risca os regulamentos, que conhecia de cor. Não tolerava infrações. Quando perdoava algum pecado menor, antes de conceder seu perdão, explicava exatamente que dispositivo legal ou regulamentar lhe permitia o ato magnânimo e, ainda, de quebra, citava meia dúzia de autores que aconselhavam a liberalidade em casos como aquele. Era um homem que não brincava em serviço.

Era um trabalhador incansável. A porta de seu gabinete estava sempre aberta e ele sempre escrevendo, salvo quando decidia sair para uma ronda. Escrevia tanto que tinha um calo visível no dedo médio da mão direita. Atingiu o cargo de carreira mais alto da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. No seu carimbo, havia uma linha extra, dizendo que era “isento de inspeção federal”.

Tinha especial horror à mistura entre os sexos. As mulheres usavam a escada da Rua do Ouro, os homens, a escada da Rua Tuiuti e as classes mistas só eram formadas quando impossível formar classes separadas.

Nos bailes pró-formatura, aparecia acompanhado de esposa e filho, um adolescente que tinha herdado os bonitos traços do pai e que estudava no próprio colégio.

Não parecia ser um homem feliz. Sabe-se que tirou a própria vida. Há ao menos duas versões, muito divergentes, sobre as razões. Prefiro não enodoar a memória dele especulando a respeito de informações sobre as quais não tenho certeza.

Saturday, September 1, 2012

E ela conseguiu


O “prédio velho” ainda guarda a mesma forma de antes, creio eu. Eram três corpos, um deles apontando para o que considerávamos a entrada principal, que ficava na esquina da Rua do Ouro com a Tuiuti. O piso, embaixo desse corpo, era cimentado. O resto era terra batida. Era ali que se realizava a maior parte das solenidades escolares.

Naquele tempo, o professor Sérgio Correia, um dos símbolos do corpo docente, sempre escolhia uma aluna para declamar um poema. Um dia, uma colega cujo nome não vou revelar (se estiver lendo isto e quiser se apresentar, esteja à vontade), foi declamar o Pequenino Morto de Vicente de Carvalho, um poema longo e lúgubre. A maioria do pessoal não gostava de declamação e a atenção foi se dispersando por pensamentos mais alegres e agradáveis do que o tema da poesia.

De repente, um silêncio total: a declamadora tinha parado sem chegar ao fim. Tinha se esquecido do fim, tentou recomeçar, não conseguiu. Coberta de vergonha, fugiu às carreiras. Sérgio Correia, o grande Sérgio Correia, temido e odiado por sua ironia que muitos consideravam arrogância, respeitado por sua grande competência, levantou e foi atrás da declamadora, levando consigo uma das inspetoras de alunos.

Mesmo os que não gostavam da declamadora, achavam a poesia horrível e detestavam declamação em geral ficaram constrangidos. Muito ruim ver uma colega naquela situação.

O diretor, o famoso e temido Benedito Ferreira de Albuquerque, disse qualquer coisa e prosseguiu com a solenidade. Falou não me lembro quem e, logo em seguida, reapareceu a declamadora, olhar refulgente, escoltada pelo Sérgio Correia. Sérgio pediu a palavra, com voz firme, que a aluna ia declamar de novo. Silêncio na audiência. A colega deu dois passos, e recomeçou, ainda mais dramática que na primeira vez. Mas foi até o fim.

Acho que nunca ninguém foi tão aplaudido em uma solenidade quanto ela. Mesmo os que detestavam a declamação em geral e tinham detestado aquela poesia em particular, aplaudiram. A menina, emocionada agradeceu. Se fosse hoje, teria dado um merecido beijo no Sérgio.

Nunca soube exatamente o que tinha acontecido, mas parece que a inspetora de alunos encontrou a colega se debulhando em lágrimas num banheiro e a convenceu a conversar com o Sérgio, que a esperava na porta. O professor lhe deu uma injeção de coragem, persuadiu a moça de que ela ia conseguir na segunda tentativa, usando não sei de que argumentos.

E ela conseguiu.

Antes que me corrijam: o Sérgio não se assinava assim. Mas a norma ortográfica diz que os vivos são citados com o nome grafado como eles o usam, os mortos são citados com seu nome grafado como manda a ortografia vigente. Não vou cometer um erro de ortografia justamente no nome de nosso mestre.